sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dia bom...

Hoje é um bom dia.

Porque acordei e tinha pão na mesa e café pronto. Tomei na minha caneca, que eu gosto bastante e foi minha tia que me deu no meu aniversário. É um bom dia porque me vesti com a polo que ganhei de amigo-oculto e ela fica muito bem em mim. Porque peguei um ônibus vazio pra ir pro trabalho. Porque ouvi Mercedes Sosa no caminho. Porque já fiz piada aqui no trabalho.

É um bom dia porque pessoas se foram e não sei mesmo até que ponto teria sido melhor se tivessem ficado. Porque segui em frente e agora meu coração está realmente livre. Porque tudo o que doeu ontem, não dói mais.

Porque tenho todas as ferramentas necessárias pra seguir em frente e ser feliz pra caramba.

É um bom dia.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Alice

Alice não sabia.

Acordou numa manhã quente de verão e já não sabia mais. O que fazia no mundo. Aquela sensação de estranheza que a acompanhava mansa, desde a infância, de repente rasgou seu peito com garras afiadas e lentas. Se sentiu devassada e perdida, completamente aturdida. Olhava em volta e via a mediocridade ganhando espaço. A superficialidade havia se alastrado como um vírus global, e Alice sentia como se tivesse sido de um dia pro outro. Se olhava no espelho e não havia mudado.

Agora ela se dava conta.

Que nesses anos todos ela foi sobrevivendo, apenas. E Alice não queria mais sobreviver. Ela queria a liberdade, poder colocar pra fora a sensibilidade sem ser taxada como louca, dramática. Alice queria um amor de verdade, não os de filmes e novelas com frases perfeitas, mas um amor de final de dia, de poder se encontrar no olhar de alguém. E também se perder nesse olhar.

Alice queria asas.

E foi sentindo nojo do mundo, da realidade. E foi se sentindo suja, cada vez mais suja, a cada segundo mais suja. E Alice nasceu numa manhã de inverno, quando havia caído uma forte geada na madrugada de Curitiba. E a cidade amanheceu branca, cristalina. Alice nasceu numa manhã de cristal, era a história que sua avó Lu contava.

Quando Alice partiu, no meio de uma tempestade de verão, no final da tarde, ela não desistiu de viver. Ela partiu pra ganhar asas. Ela se foi pra viver. Porque estava cansada de sobreviver.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Meu 2012 nos palcos

Ontem finalizei meu ciclo nos palcos deste ano, com a apresentação de Mil Pedaços em Lajes do Muriaé. Foi um ano muito intenso. Na quantidade de eventos, produções, apresentações. Deixa eu tentar lembrar...

Pra você Gostar de Mim - Trianon
Pra você Gostar de Mim - SESC Campos
A Vaca Lelé - Trianon
A Vaca Lelé - Dr. Hermann
A Vaca Lelé - SESC Campos
De Fuxicos e Retalhos SESC Campos
De Fuxicos e Retalhos SESI Itaperuna
De Fuxicos e Retalhos SESI Macaé.
Mil Pedaços - Temporada no Teatro de Bolso
Mil Pedaços - Itaperuna
Mil Pedaços - Laje do Muriaé
Com açúcar, com afeto - Trianon.

Recebemos um grupo novo cheio de muito gás, muita energia, que pode vir a acrescentar muito na companhia. Estou muito contente com as turmas de primeiro ano de 2012. Tanto do juvenil, quanto do infantil.
Foram muitas horas de ensaio, reuniões, planejamento. E sobretudo, foi um ano de muito aprendizado pra mim em vários aspectos. Entendi que pra uma boa parte eu não tenho mais o que ensinar. Comecei a ver alguns olhares duvidando da qualidade do meu trabalho. Algumas vezes questionando e outras até mesmo afrontando. E então eu mesmo comecei a duvidar. E em alguns momentos ter até a certeza de que não tenho mesmo muito mais o que fazer por eles. E isso foi o que mais me doeu nesse final de ano. Mas até que aprendi a lidar com isso com alguma dignidade. Embora ainda não consiga reverter essa dignidade em vontade de continuar com alguns processos.
Outra ficha que caiu é que eu sou apenas "o tio". E isso tem me incomodado pra caramba. Não tem problema quando são as crianças que me chamam assim. E quando era um adolescente/adulto eu achava até engraçado no início, eu mesmo me chamava assim. Mas depois fui percebendo que isso é sintomático. Eu me tornei apenas isso: "o tio". É como se eu tivesse 45 anos. E eu só tenho 27, caramba! Eu fico me perguntando se não está na hora de procurar a minha turma, sabe? É lógico que tem algum conflito de gerações, mas nem é tanto assim. Estou na Persona desde 2001. Vi muita gente passar por lá. Mas pela primeira vez me vejo segregado. Se por um lado eu lastimo, por outro nem tanto. É consequência do amadurecimento. O que fazer com relação a isso? Chorar e lamentar? Absolutamente! É preciso se adaptar à esse constante movimento da vida. Procurar saídas. Encontrar soluções. Abrir horizontes.

2013 ainda está nebuloso com relação à minha presença nos palcos. Lógico que vou reapresentar "Com Açúcar e Com Afeto". Lógico que vou continuar no Anel. São as duas coisas certas, sob as quais não pairam dúvidas. Quanto ao resto, vai depender da minha capacidade em transformar a dignidade que eu falei lá no outro parágrafo, em desejo e alegria de continuar.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Para duas atrizes - Quem topa?

Cena da novela "A Vida da Gente" de Lícia Manzo, originalmente protagonizada por Fernanda Vasconcelos e Marjorie Estiano. 


ANA – A gente pode conversar? (tempo)

MANU – Obrigada pelo convite, mas... Na verdade eu já tinha falado pra Júlia que eu não vou poder ir por que...
ANA – Justamente, Manuela. Por quê?
MANU – Porque eu tenho trabalho nesse dia.
ANA – Domingo? No final da tarde?
MANU – Ana, por favor...
ANA – Por favor, digo eu Manuela... Meses já se passaram e nada justifica que você continue desse jeito.
MANU – Tá, pra você... Pra você talvez...  Agora não cabe a você julgar o que eu sinto.
ANA – Eu não to julgando nada... Ao contrário, é você que tá me julgando. Aliás, você tá me condenando por conta de um erro que eu cometi...
MANU – Um erro que destruiu muita coisa, Ana. A minha confiança, por exemplo.
ANA – Desculpa, mas isso ninguém consegue destruir. A não ser que você queira. Se coloca no meu lugar...
MANU – É impossível. Porque eu já disse e repito que no seu lugar, eu jamais teria feito uma coisa dessas.
ANA – Caramba, Manuela! Você fala de um jeito que parece que eu matei. Parece...
MANU – Mas você matou! Você matou a nossa amizade. Você matou a minha confiança, você matou o amor que eu sentia e pior ainda: pra nada! Por mero capricho!
ANA – Como assim capricho? Do que você tá falando? Capricho?
MANU – Eu to falando de você ter destruído a minha relação com o Rodrigo pra nada! Porque nem coragem de bancar essa decisão, você teve! Quando eu decidi ficar com o Rodrigo lá atrás, Ana, todo mundo dizia que seu coma não tinha mais volta. Mas ainda assim foi difícil bancar a decisão de me casar com ele e eu banquei! Você sabe por quê? Porque eu sou adulta! Porque eu não daria um passo de uma decisão desse tamanho envolvendo a Júlia, pra depois amarelar e voltar atrás...
ANA – Eu não amarelei coisa nenhuma!
MANU – Eu banquei porque eu amava o Rodrigo com todo meu coração, era de um jeito que você não faz ideia, de um jeito que você não vai entender nunca, porque você não sabe o que é isso, Ana! Amor! Você usa as pessoas, Ana...  Você é o centro do Universo. E até a atenção exagerada que a mamãe sempre te deu a vida inteira e que você dizia detestar; hoje eu me pergunto se ela não te cabia muito bem, já que pelo visto...
ANA – Eu não vou levar em consideração o que você tá falando, Manuela...  Você tá magoada e...
MANU – Magoada? Magoada é pouco, eu to destruída há meses, tentando refazer a minha vida e por essa razão você não tem o direito de se fazer de vítima e vir até aqui, falando que o fato de eu ter me afastado de você é uma injustiça!
ANA (sincera e desarmada) – Desculpa... O que é que eu posso fazer pra você me perdoar?
MANU – Se afastar de mim, Ana! Me deixar em paz! Isso você pode fazer! E começa também a tomar cuidado com as outras pessoas, com o que elas sentem, porque pelo visto...
ANA – Pelo visto o que?
MANU – Pelo visto você continua fazendo a mesma coisa... Só que a vítima dessa vez é o Lúcio.
ANA – Que história é essa, Manu, de vítima? Tudo tem limite, viu Manuela? Eu não vou admitir que você fale da minha relação com o Lúcio...
MANU – Da sua o quê? Da sua relação? Relação? Relação implica em duas partes. Uma percebendo a outra, uma cedendo em nome da outra. Você não tem e nunca vai ter relação com ninguém... Sedução é uma coisa, e nisso eu admito... Nisso eu concordo que você é muito boa. Tem flerte, encantamento... Namoro... Agora, o seu repertório para por aí. E sabe por quê? Porque pra ter uma relação é preciso existir respeito mútuo. E você não respeita... Ninguém... Nem nada...  A não ser sua própria vontade.
(silêncio)
ANA – Se o tom da conversa é esse... Desculpa, mas eu vou embora...
MANU (irônica) – Isso...  Muito bom, vai embora. Vai embora...  Nem uma conversa difícil você é capaz de bancar. É isso mesmo que você faz... Vai embora, foge, dá as costas, vai embora e deixa que os outros depois arrumem o caos que você deixou...
ANA – Escuta aqui! Quem você pensa que é pra subir aí nesse seu pedestal e vir me falar de coragem? Quando na verdade...
MANU – Na verdade o quê? Do que você tá falando?
ANA – Da sua covardia... Do seu golpe baixo, de ter deixado a minha filha no momento que ela mais precisava de você!
MANU – Eu fui embora porque eu precisava. Porque eu não tinha condições naquele momento.
ANA – Ai, não tinha condições? Coitadinha, né? Não tinha condições de agir feito a adulta que você diz que é pra ajudar a própria filha?
MANU – Eu não deixei a Júlia sozinha, ela também é sua filha!
ANA – Claro! Agora que te interessa eu também sou a mãe dela!
MANU – Olha aqui, é melhor a gente encerrar essa conversa.
ANA – Melhor pra quem?! Pra você? Porque é muito fácil você apontar o dedo na minha cara como se você fosse íntegra! Como se você fosse certa!
MANU – Ah, me desculpa Ana, mas perto de você...
ANA – Perto de mim, o quê? Você, Manuela, você é o centro do universo. Você deu as costas pra minha filha no momento que ela mais precisou de você! Você deixou ela se desestabilizar, você deixou ela sofrer, me rejeitar... Porque assim... Assim você se afirmava a mãe verdadeira né? A mãe perfeita... E ainda de quebra, destruiu qualquer possibilidade de entendimento entre mim e o Rodrigo. Você me acusa de ter amarelado, de ter voltado na minha decisão, mas fique sabendo que eu não fiquei com ele por sua causa, porque você minou essa relação quando se recusou a fazer uma ponte entre mim e a Júlia! Sabe por quê? Pra se vingar... Se vingar do fato do Rodrigo ainda me amar.
MANU – CALA A BOCA, ANA! CALA A BOCA! Eu não sou obrigada a ficar ouvindo isso na minha casa!
ANA – É obrigada sim porque essa casa aqui deveria ser minha! Essa vida deveria ser minha e a Júlia É MINHA FILHA! Não é sua filha! Você ouviu bem? E a minha história com o Rodrigo, ela foi abortada duas vezes. A primeira pela minha mãe e a segunda por você... Que impediu que a gente tentasse... Quer saber? Não adianta Manuela... Não adianta... Mesmo que a gente não fique junto, mesmo que o mundo inteiro impeça, o amor que a gente sente um pelo outro vai continuar existindo... (Ana desmonta e chora.).
Silêncio.
MANU- Para... E ouve... Ouve o que você acabou de dizer... Você acabou de dizer que o seu amor pelo Rodrigo continua existindo ao mesmo tempo em que você vem aqui com esse convite de casamento idiota na mão.
ANA – Eu não quis dizer isso em relação ao Rodrigo...
MANU – Você nunca quer dizer nada, não é? Você é sempre bem-intencionada. Mas deixa eu te falar uma coisa, Ana...  De boas intenções o inferno tá cheio...  E sendo assim... Libera o Lúcio, vai... Ele é um cara bacana, ele não merece ser usado por alguém como você...

 (Ana está aos prantos e encara a irmã. Atônita, sai de cena.Agora Manuela também chora).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

I-Ching do Dia: FOGO EM CIMA, MONTANHA EMBAIXO: A VIAGEM










O I Ching nos recorda que há um momento para começar e um momento para concluir. Algo chegou ao fim e é preciso seguir adiante, ainda que o apego insista em mantê-lo controlando tudo, Lênin. Não é inteligente forçar uma situação apenas para impedir que a mudança ocorra, pois isso pode gerar apenas frustração e uma sensação de fracasso.
Observe que “algo que chegou ao fim” não é, necessariamente, uma afirmação negativa. Pode, pelo contrário, ser muito positiva, principalmente se o que chegou ao fim foi um sofrimento, uma situação insustentável, uma doença ou um problema. E também é preciso aprender a seguir adiante pois, por incrível que pareça, ficamos também apegados aos nossos sofrimentos. Confiar no desconhecido é a mensagem fundamental do fogo sobre a montanha, Lênin. Há momentos em que precisamos simplesmente saltar no abismo, na confiança de que asas nos conduzirão aonde devemos ir. O futuro reserva muitas surpresas pra você, mas apenas se você souber se desapegar do que não lhe serve mais.

Papo com o Tião - O Falso amigo.

Oi Tião.

Tava pensando aqui... É muito comum rotular de falso amigo aquele que te trai, que fala mal de você pelas costas, que só está ao seu lado por interesse, etc. Mas na verdade esses não são os piores tipos de "falsos amigos".

Pra mim, o pior é aquele que finge que se importa pra ficar bem consigo mesmo. Que te diz um "conta comigo sempre", mas nunca lembra de você pra nada. Aquele que não faz questão da sua presença. O pior "falso amigo" é quem te dá a ilusão que está ao seu lado, e quando você precisa, vê que nunca teve ninguém ali. Te dá a falsa sensação de companhia. Promete te amparar nas quedas, mas no primeiro tropeço ele se distrai com qualquer brisa. Disfarça a fragilidade da amizade, com palavras bonitas na sua rede social, com olhares profundos e versos banais de autores pop. Esse tipo de falso amigo é mais perigoso do que aquele que te maldiz no secreto. Porque te dá a falsa sensação de segurança, de proteção. Faz com que você se acomode com as "amizades" que tem, te impede de conhecer e se aprofundar em outras.

Pare e pense: Você tem algum(ns) amigo(s) assim?

Bom dia, Tião.


Tião é um travesseiro comprado na Leader Magazine que veio com um defeito de fábrica: Ele ouve. E até dá uns conselhos de vez em quando...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Dark Was The Night

"Eu tive um dia terrível!" 
Nós dizemos isso o tempo todo. Uma briga com o chefe, enjoo, engarrafamento… É isso que descrevemos como terrível, quando nada de terrível está acontecendo.

Na verdade, essas são as coisas que imploramos para ter: um canal, uma auditoria federal, café espirrado nas roupas. Porque quando o terrível realmente acontece, imploramos para um Deus que não acreditamos para resgatar os pequenos horrores. E levar isso embora. Parece fácil agora a cozinha inundada, a madeira podre, a briga que lhe deixa com raiva. Ajudaria se soubéssemos o que estava por vir? Saberíamos que estes seriam os melhores momentos da vida?

Narração do 9° episódio da 8ª temporada  de Grey's Anatomy.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Dezembros.

Nos últimos anos, os meses de dezembro não têm acrescentado muita coisa pra mim. Talvez seja o mês que eu menos goste no ano. É como se fosse um hiato, um período onde nada acontece e eu fico ansioso para o ano novo que se aproxima. E tem o lance da retrospectiva, né? Acaba sendo inevitável olhar pra trás e rever o que se passou nos onze meses anteriores. O que deu certo, o que deu errado, os amores e desamores, os medos, as angústias, as conquistas; o filme passa direitinho na cabeça. E não foi pouca coisa esse ano. Eu aprendi muito.

Talvez essa implicância com o mês de dezembro seja uma bobagem. A função desse mês deve ser essa mesma. Desacelerar e permitir que a gente olhe pra trás e respire fundo pra encarar o novo ano. E acreditem, eu realmente preciso disso.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Kids

Quando se trabalha com crianças, é importante saber observar. Mas quando se ensina teatro para crianças, é fundamental. Porque cada gesto, cada briga, cada sorriso, cada palavra pode dizer muito mais do que aparenta. Os detalhes são menores em seres humanos menores. Mas nem por isso menos importantes. Muitas vezes estão pedindo ajuda. Outras, querem apenas se exibir. De fato, os pequenos são transparentes. O que falta na maioria dos casos, são adultos capazes de reconhecer e decodificar os sinais.

Crianças são inconsequentes, tanto pro lado bom quanto pro lado ruim. Não têm medo do ridículo, da fantasia, sonham, falam bobagem, dão ideias tolas, falam alto, te enlouquecem com 70 perguntas por minuto. Se machucam e acabam machucando quem amam. Brigam por vaidade, por coisas, pra provar que estão certas, quando são contrariadas, por ciúmes.

Mas e nós, adultos e maduros? Pelo que brigamos, se não pelas mesmas razões? Eu achava que com o passar dos anos as coisas iam mudar, a maturidade ia me trazer equilíbrio e serenidade pra lidar com as decepções, as dores, as mágoas. Mas nessa altura da vida eu ainda me vejo rompendo relações sólidas por que alguém não agiu como deveria em uma determinada situação, chorando por que fui deixado de lado na "brincadeira", me magoando com um "chega pra lá". Por que?

A verdade é que uma parte de nós nunca cresce, e como tudo na vida, vem com ônus e bônus. Ser como criança pode ser um elogio ou uma ofensa, depende da situação. Fato é que precisamos aprender a conviver de forma equilibrada com essa infância guardada.

Que criança eu sou nesse momento? Aquela que brigou com o amigo, mas sente falta de brincar com ele. E começa a se aproximar querendo pedir desculpa. Como naqueles momentos em que os adultos dizem "Não tem vergonha na cara mesmo. Estavam se engalfinhando e agora já estão brincando de novo." Exato. Criança não tem vergonha de pisar o orgulho e voltar atrás. É o lado bom.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mariane - Legião Urbana



Eu tenho trabalhado tanto
Eu tenho pensado muito
Eu tenho feito algumas coisas fora do comum
Isso não é certo
Eu tenho pensado em você
Quando você vai voltar pra mim?

Eu tenho trabalhado todos os dias
Eu tenho pensado muito em você
Eu estive perdido pela manhã
Eu não sei o que fazer sem você
Quando eu vou te ver mais uma vez?

Eu sei isso é apenas uma fase
Eu não sei aonde eu vou
Eu não me preocupo, pois é só uma fase.
Isso passa

Eu tenho trabalhado muito
Eu tenho pensado em nós
Eu estive perdido pela manhã
Eu não sei mais o que fazer
Eu não quero mais pensar em você
Eu deixarei você partir pra sempre
Você me deixará aqui sozinho?

E eu não faço idéia pra onde vou
Mas não me preocupo muito com isso
Eu sei isso não passa de uma má fase
Um dia você vai voltar pra mim
E novamente vamos ser felizes

Isso é apenas uma fase

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Unaccompained Minor

"Eu sempre disse que seria mais feliz sozinho. Teria meu trabalho, meus amigos. 
Mas ter mais alguém na sua vida o tempo todo? São mais problemas que o necessário. 
Ao que parece, estou nesta situação.
Há um motivo para dizer que eu seria mais feliz sozinho. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinho. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém, e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver. É mais fácil ficar sozinho. Porque, e se você descobrir que precisa de amor e depois você não tem? E se você gostar e depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele e então… ele acaba? Você consegue sobreviver a essa dor? 
Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte termina. 
E isso? 
Isso pode continuar para sempre.”


Narração do episódio Unaccompained Minor da sétima temporada de Grey's Anatomy.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ritmo

Como atores, aprendemos nas primeiras aulas de teatro a trabalhar com ritmo. Caminhar pela sala, marcar com uma parte do corpo, acelerar, reduzir, sentir a música. Sentir o tempo é item de primeira necessidade de um ator. Não somente com relação aos movimentos se sincronizarem com o pulso de uma música. Vai além. Precisamos saber a hora certa de dar o texto. Sentir o intervalo exato entre uma fala e outra. O tempo do silêncio. O tão falado tempo da comédia. No teatro, o tempo é tudo.

Então parei pra pensar que se o teatro é a representação da vida real, nesta também o tempo é soberano. Entendi que saber administrá-lo, é muito mais do que dar conta das coisas que se tem pra fazer no dia. É bem mais complexo. É saber a hora de parar. De mudar de rumo. De voltar atrás. De correr. De desacelerar. De soltar as rédeas. De tomá-las de volta. É saber pra onde você quer levar a sua vida. E em que velocidade.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Proibido o retorno.

Eu precisei seguir.

Eu não podia esperar mais. Você me mandou seguir em frente, embora tudo em você afirmasse o contrário. Suas atitudes, seu jeito, seu olhar. Mas você me disse "Vai!". Então eu não tive alternativa a não ser ir. Mesmo querendo permanecer. E de fato, eu relutei muito a me mover. Porque primeiro vem o baque. A pancada que te joga no chão e te deixa ali por algum tempo, tomando fôlego, esperando a dor se tornar ao menos suportável. E depois, já de pé, eu tomei a decisão de ir. Então não me culpe. Porque a cada novo dia eu fui percebendo que eu precisava caminhar. Correr. Voar. E foram tantos dias andando em círculo, até finalmente alguém apontar um caminho, que é injusto demais você me gritar lá de trás.
Eu não vou voltar.
Por mais que uma parte de mim queira, eu não posso fazer isso comigo mesmo. Muita coisa mudou em mim, em nós. O mundo mudou. Eu cresci, mas não tem mais aquele espaço pra você ocupar. 

sábado, 3 de novembro de 2012

Despedidas


Pessoas vão embora de todas as formas: vão embora da nossa vida, do nosso coração, do nosso abraço, da nossa amizade, da nossa admiração, do nosso país. E, muitas a quem dedicamos um profundo amor, morrem. E continuam imortais dentro da gente. A vida segue: doendo, rasgando, enchendo de saudade... Depois nos dá aceitação, ameniza a falta trazendo apenas a lembrança que não machuca mais: uma frase engraçada, uma filosofia de vida, um jeito tão característico, aquela peculiaridade da pessoa.
Mas pessoas vão embora. As coisas acabam. Relações se esvaem, paixonites escorrem pelo ralo, adeuses começam a fazer sentido. E se a gente sente com estas idas e também vindas, é porque estamos vivos.
Cuidemos deste agora. Muitos já se foram para nos ensinar que a vida é só um bocado de momento que pode durar cem anos ou cinco minutos. E não importa quanto tempo você teve para amar alguém, mas o amor que você investiu durante aquele tempo.

Segundos podem ser eternidades... ou não. Depende da ocasião.

Marla de Queiroz - http://doidademarluquices.blogspot.com.br/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sfogarsi*

E esse medo que domina todo o meu corpo me faz ficar aqui, parado, em inércia. Vendo meus sonhos e expectativas ruírem em nome de algo que eu nem sei se é meu. O pânico que congela. Que me impede de avançar e correr.
De tudo que me assombra, essa solidão é o que mais causa horror, o que me tira a sanidade vez por outra. Acordar e dormir sem ter um ouvido pra esse grito preso. Eu só queria que alguém jogasse na minha cara que é tudo bobagem, que nada disso, nenhuma parte desse sofrimento todo é útil ou verdadeiro.
Então eu sigo cada vez mais cético no ser humano, nas pessoas em redor, pois quem diz que é diferente, é porque na verdade é pior do que todo mundo e tem medo disso. Eu na verdade devo ser diferente de todo mundo mesmo, mas pra pior. Eu misteriosamente descobri uma fórmula de invisibilidade que me faz passar incólume por todos os lugares por onde ando. Ninguém me nota. E quando nota fica indiferente. Eu só queria saber como conseguir um pouquinho de cor. Um pouco de vida. Um pouco de graça. Ser mais que um mero objeto na sala de espera.
Eu queria tanto voltar a acreditar, voltar a imaginar que depois desse terreno pedregoso vai vir uma estrada bonita com gerânios e girassóis. Mas o caminho a minha frente soa cada vez mais nebuloso e cinza. Sombrio.
Vou levando os dias porque não me resta alternativa.
Caminho todas as noites pra que meu corpo chegue à exaustão e não me deixe pensar quando deito. Porque nada do que eu penso é bonito. Nada mais que eu sinto tem cheiro agradável. Ficou só o odor putrefato de coisas mortas.
Foi outro aborto.


*Em italiano: aliviar ou dar vazão aos seus sentimentos; abrir o coração; desafogar-se; desabafar.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Salve Jorge - Primeiro Capítulo

Ontem estreou a nova novela das 21h, Salve Jorge, de Glória Perez. Eu sempre tenho o pé atrás com essa autora. De um modo geral, Glória sabe falar com o povão, costuma amarrar bem suas tramas, mas acho que peca pelo exagero, pela falta de verossimilhança e pela repetição de situações. Mas fui assistir com boa vontade, pela estreia de Nanda Costa como protagonista e também por outros bons nomes do elenco, como Alexandre Nero, Domingos Montagner, Totia Meireles, entre outros. Mas Mariana Rios, Giovana Antonelli, Flávia Alessandra, Fernanda Paes Leme e Rodrigo Lombardi se repetem nos mesmos tipos de sempre.

A ideia de usar a ocupação do Morro do Alemão como plano de fundo para o início da história foi muito feliz. Foi um momento importante da cidade do Rio de Janeiro. Usar as imagens reais da época também foi uma ideia ótima, mas de execução infeliz. A edição ficou meio tosca. Deu um ar de novela da Record logo de cara. Aos poucos essa imagem foi sendo perdida, ainda bem.

Achei os diálogos meio bobos, forçados. Tentando deixar tudo muito claro, muito mastigado para o telespectador. É sempre bom lembrar: O público de hoje mudou, está mais exigente. E teve ainda o problema da repetição. A Neusa Borges tava lá fazendo o mesmo tipo histérica de sempre. O "Seu Gomes", o "Farinha", o Antônio Calloni casado com uma mulher que lançará os bordões estrangeiros da novela, o núcleo pobre irreverente... Tudo como dantes na terra de Abrantes. É uma das coisas que me incomoda nesses autores veteranos das 21h: Insistem em fazer novela como há dez, vinte anos atrás.

A abertura ficou muito bonita e casou perfeitamente com a voz de Seu Jorge. Aliás o trabalho técnico e de produção está de parabéns, como é de se esperar das produções da Globo. Não dá pra se analisar uma obra só pelo primeiro capítulo, é preciso aguardar e ver o que Salve Jorge ainda tem pra contar para o espectador.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Requiem

Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos… Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você. Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. Tinha terminado, então. Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina. Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. … E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim – para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Meu corpo

Fui magro até a adolescência, talvez até os 17 anos. A chegada na vida adulta só aumentou a minha ansiedade natural e de certa forma fui transferindo isso pra alimentação. Com o passar dos anos isso foi agravado pela diminuição de atividade física, resultando nessa massa enorme que eu sou hoje.

Sim, eu sei o quanto eu estou gordo. Não preciso que ninguém me diga isso ou faça piadas com o fato. Acreditem, nada disso ajuda. É um desconforto que só está aumentando e eu sei que preciso tomar uma decisão. Mudar de postura.

A ansiedade eu estou tentando controlar com reiki. Mas num dia a dia tão corrido, com dois empregos, pouco tempo sobra pra atividade física. Aliás, tempo nenhum. E com esse rotina pesada, fica difícil se alimentar como deveria.

Hoje acordei me sentindo péssimo com relação a isso. Me sentir mal não vai mudar muito as coisas, eu sei. O que eu tenho que tentar é achar um equilíbrio pra não começar a ter pavor de comida. Na verdade eu já estou bem próximo disso.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Cheias de Charme - Balanço final.

A coisa de cinco anos atrás, a Globo percebeu que tinha algo errado em sua faixa de novelas. O horário das seis vivia de remakes. E o horário das sete patinava na audiência, tanto que Walcyr Carrasco nesse período quase que emendou um trabalho com o outro, pois suas tramas eram as únicas que conseguiam um resultado próximo do satisfatório. E às 21hs não se via muita perspectiva de mudança a curto prazo. Tirando as novelas de Glória Perez, nada parecia fisgar muito o telespectador, até a chegada de João Emanuel Carneiro  no horário com "A Favorita".

De lá pra cá, a emissora entendeu que era hora de se renovar, dando oportunidade a novos autores mostrarem o que têm pra dizer. Começou com a falecida Andrea Maltarolli, Elizabeth Jhin, Thelma Guedes e Duca Rachid e foi se estendendo a Lícia Manzo, Bosco Brasil, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. A bola da vez agora está com João Ximenes Braga e Cláudia Lage em "Lado a Lado", ás 18hs. No geral as experiências foram positivas, com exceção de "Tempos Modernos" do Bosco Brasil.

Mas dos três horários mencionados, a maior incógnita sempre foi o horário do meio. Ninguém sabia precisar com certeza o que o novo telespectador das 19h30 queria assistir. Novo sim, pois os costumes mudaram, leva-se mais tempo pra se chegar em casa nos grandes centro, é cada vez maior o número de pessoas fazendo faculdade a noite, etc. Então afinal de contas, o que uma novela das 19h teria que ter pra fisgar o espectador?

Cheias de Charme não reinventou a pólvora, mas mostrou caminhos possíveis. Primeiro, os autores são dois craques, veteranos em colaboração em outras obras. Filipe ainda escreveu peças para a Cia dos Atores. Criaram tipo inesquecíveis, marcantes, e isso é um ponto. Quem vai se esquecer que um dia houve uma vilã como Chayene? Um canastrão chamado Fabian? Um grupo chamado Empreguetes? Toda a estruturação da trama foi muito bem amarrada e fez com que o espectador pudesse acompanhar passo a passo, sem saltos ou furos de roteiro, a ascensão das três Marias para o estrelato. A novela trouxe humor e emoção na medida certa, tudo com um tom farsesco e debochado que remete às antigas novelas das sete, como Bebê a Bordo, Guerra dos Sexos, Quatro por Quatro, Que Rei sou Eu, etc. Toda a estética de conto de fadas, história em quadrinhos chamou a atenção de um público que a Globo decidiu abandonar pelas manhãs: o infantil. E ta aí Carrossel pra não deixar mentir: Tem criança em casa a noite sim, e elas estão doidinhas pra fugir da mesmice da TV a cabo.

Música e internet. A conexão da teledramaturgia com essas duas outras linguagens, também foi responsável pelo sucesso da trama. Foi um risco. E no final deu tudo mais do que certo. 

O elenco foi outra escolha acertadíssima. Ou alguém consegue imaginar outra atriz vivendo Chayene? Cláudia Abreu esteve estupenda durante toda a novela, inclusive na reta final, quando a trama mostrou sinal de desgaste, Cacau segurou boa parte da trama nas costas, com a boa surpresa Titina Medeiros e Luiz Henrique Nogueira. As três Marias, protagonistas vividas por Leandra Leal, Isabelle Drummond e Taís Araújo também estiveram seguras nos seus papéis, com destaque pra Taís, que soube dar a volta por cima da Helena de Viver a Vida, e fez de Maria da Penha a sua melhor atuação. Não dá pra não citar a estonteante Mallu Gali, que carregou a parte dramática da novela com brilhantismo. Outro acerto foi a família Sarmento, com excessão de Jonatas Faro e Gisele Batista, ainda fracos. Mas Alexandra Richter, Tato Gabus, Rodrigo Pandolfo, Simone Gutierrez, Dhu Moraes e Aracy Balabanian formaram o núcleo mais interessante da história.   Desde os maus-tratos a Cida até a derrocada financeira da família.

Marcos Palmeira, Humberto Carrão, Chandely Braz, Ilva Niño, Leopoldo Pacheco, Miguel Roncato, Tainá Muller, Marília Martins e Daniel Dantas também tiveram seus momentos de brilhar. Aliás foi outra característica da novela: Todos tiveram seu momento. Talvez tenha sido uma das boas lições que Izabel tenha aprendido nos seus anos de colaboradora de Manoel Carlos em suas melhores épocas: Durante a trama, dar espaço pra todos.

A novela já deixa saudade. Muito se comentou acerca de um spin-off ou uma série derivada. Bobagem. Os próprios autores não acreditam nisso. E é bom que seja assim. Que todos tenhamos ficado com esse gostinho de quero mais. Pela frente tem Guerra dos Sexos, do Silvio de Abreu e em seguida, Sangue Bom da Maria Adelaide Amaral. Dois craques. Sorte pra eles!



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Lado a Lado - Crítica

Assisti ao primeiro capítulo de "Lado a Lado" com uma boa expectativa. Sempre que a Globo lança novos autores, eu me proponho a assistir ao trabalho com boa vontade. João Ximenes Braga e Cláudia Lage eram colaboradores de nomes consagrados como Gilberto Braga e Manoel Carlos. Agora partem para seu "voo solo em dupla".

O primeiro capítulo, mostrando apenas o elenco central, fez lembrar em alguns momentos, episódios pilotos de séries: a forma como os personagens foram se apresentando, as situações, os ângulos, a trilha; nada estava por acaso. O ponto forte dessa estreia foi a caprichada direção de arte: Cenários e figurinos deslumbrantes, enchendo os olhos de quem está assistindo. A abertura com o samba-enredo da Mangueira foi um achado.

A estreia foi centrada em Patrícia Pillar, Marjorie Estiano, Camila Pitanga, Lázaro Ramos, Isabela Garcia e Milton Gonçalves. Todos parecendo estar muito confortáveis em seus papéis. Estranhei um pouco a voz da Isabela, mais rouca que o normal, chegando a falhar algumas vezes. Merece atenção. Tivemos ainda participações pequenas de Caio Blat, Sheron Menezes e Zezeh Barbosa. As duas últimas, recém-saídas de "Aquele Beijo". Este aliás é um problema atualmente na Globo: A repetição de elencos.

A trama se passa num período muito importante pra se compreender a formação do espaço urbano carioca. Achei muito feliz a escolha dos autores por esse período histórico. O texto é bom, mas precisa abandonar alguns didatismos como "O carnaval é a festa da carne", etc. A iluminação também poderia ser mais clara; pouca luz nesse horário afasta o telespectador.

Há uma boa história pra se contar, uma boa direção e bons atores. O cuidado que se tem que tomar é com o ritmo. Mas "Lado a Lado", promete retomar o trilho de boas novelas das 18hs, que se iniciou com "Cordel Encantado", prosseguiu com "A Vida da Gente", mas foi abandonado pela fraca "Amor Eterno Amor".

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Chegar na Persona.

Me perguntaram o que me faz feliz hoje.

Depois de oito horas dentro de uma sala fechada, olhando pro computador, ligando para clientes, respondendo e-mails, pressão de gerente... É bom chegar na Persona. Dá um alívio.

Passar pela grade e ver as crianças brincando na varanda. Abrir o portão e ouvir “Oi, tio Lênin!”. Sempre tem alguém num canto da varanda fofocando. Mas é sempre alguém que também tem um sorriso. Chegar na sala da frente e ver os olhos sempre tranqüilos de Rogéria. Encontrar Decinho, parceiro de tantos anos.
É bom desacelerar.
Olhar quem está na sala. Perceber o movimento na Companhia. Tem sempre alguém ensaiando na sala de trás. Tomar um café rápido com Tia Tânia antes da aula para as pestinhas. A cozinha ainda é nosso cômodo preferido da casa. Onde trocamos confidências.
Subir as escadas e dividir a turma com a calma de Thássia e a determinação de Iara. Chamar a atenção de Valentina. Rir com as maluquices de Tamíris e Laís. Ver a firmeza dos olhos de Roberta. Ouvir as histórias de Carolzinha.
É sempre bom.
Emendar uma aula na outra e ver aquele salão ser tomado pela energia da massa humana. Aquela vontade de viver, de fazer arte. O afeto que nos une. Os movimentos precisos de Guilherme. As interferências de Olga. As implicâncias com Luisa. A humildade tão verdadeira de Felipe Rangel. A voz doce de Anderson. O mega-fone de Caio. O humor ácido de Camila. Os olhos de Hugo. Anne e Lise, já tão grandes. O sorriso de Paula. A cumplicidade com Renata. A parceria com Tia Tetê. A confiança em Tia Tânia. A inocência do segundo ano, tentando de todas as formas, virar gente grande. A Companhia como um todo, sendo fortalecida por cada novo integrante que vai se somando.

Acho que é tudo isso.

É tudo isso que me faz feliz hoje.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Errei sim.

Eu nunca a pretensão de ser alguém perfeito. Desde pequeno aprendi a lidar com o fato de ser diferente, de não se encaixar em um padrão. E na adolescência e no começo da juventude foi se solidificando o sentimento de grupo. De como conviver em comunidade, algo que é tão simples para o ser humano desde os tempos primórdios, mas que pra mim sempre soou como um grande mistério.

Eu erro e vou errar sempre. Todos nós. O problema é que em algum momento da vida, foram sumindo os meus "semáforos". As pessoas que estavam ao meu lado e não tinham o menor pudor em dizer "Tá doido? olha o que você tá fazendo!", esses de tão perto, se foram. Ficaram os medrosos. Os que preferem falar por trás. Os que de uma hora pra outra esquecem de tudo o que já vivemos em nome de uma pose, de uma máscara que precisam sustentar. Só que TODOS temos telhado de vidro.

Eu estou cansado disso.

Não me eximo do erro. Das escrotices que fiz. E de todo o coração peço desculpas. Com a maior sinceridade que eu possa ter. Mas esse lance de "Estou profundamente ofendido e posso colocar o dedo na sua cara", isso me deixa tão sem ânimo.

Me diz que eu tô errado. Mas me diz na hora. E não fica nessa postura de quem pode falar alguma coisa quando na verdade não pode.

É isso.

Síndrome dos vinte e tantos


A chamam de 'crise do quarto de vida'.
Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos.
Se dá conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc..
E cada vez desfruta mais dessa cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco.
As multidões já não são 'tão divertidas'... E as vezes até lhe incomodam.
E você estranha o bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante. Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu e que o pessoal com quem perdeu contato são os amigos mais importantes para você.
Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor.
Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto pôde lhe fazer tanto mal.
Ou, talvez, a noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém o suficiente interessante para querer conhecê-lo melhor.
Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar.
Talvez você também, realmente, ame alguém, mas, simplesmente, não tem certeza se está preparado (a) para se comprometer pelo resto da vida.
Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbado(a) e agir como um(a) idiota começa a parecer, realmente, estúpido.
Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado(a) e significa muito dinheiro para seu pequeno salário.
Olha para o seu trabalho e, talvez, nao esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.
Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que nao quer.
Suas opiniões se tornam mais fortes.
Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é.
Às vezes, você se sente genial e invencível, outras... Apenas com medo e confuso (a).
De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando.
Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro... E com construir uma vida para você.
E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.
O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse textos nos identificamos com ele. Todos nós que temos 'vinte e tantos' e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes.
Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça... Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos...
Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro.
Parece que foi ontem que tínhamos 16...
Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?!

FAÇAMOS VALER NOSSO TEMPO... QUE ELE NAO PASSE!

A vida não se mede pelas vezes que você respira, mas sim por aqueles momentos que lhe deixam sem fôlego...


Joelson S. Manfredine

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

10 novelas que me marcaram.

1 - Por Amor

2 - A Vida da Gente

3 - A Indomada

4 - Pé na Jaca

5 - Quatro por Quatro

6 - Força de Um Desejo

7 - Cheias de Charme

8 - Que Rei sou Eu?

9 - Vamp

10 - Xica da Silva


*A ordem não tem a ver com preferência.

Season Finale - Final da Temporada.

Foi melancólico.
A trilha sonora do episódio final foi The Scientist, com Coldplay. O protagonista se viu com metade dos amigos que tinha no primeiro episódio da temporada. Alguns se afastaram, outros se revelaram, e outros ainda, partiram.

O romance também não deu certo. E embora nada indique que possa ter uma volta, o protagonista se viu com uma pequena centelha de esperança. Aliás, esperança é o sobrenome desse menino, que tentou com todas as forças nos episódios que se seguiram.

Na última cena, o vemos digitando, suspirando e lembrando de tudo o que passou. As festas, os sorrisos, as brigas, as decepções, os beijos, os aniversários, as lágrimas.

Suspira.

Olha o relógio. Desliga o computador e se deita. Fecha os olhos e adormece enquanto a música sobe e a tela escurece. Aparece o seguinte trecho de Cecília Meireles, com letras brancas:

"E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…

e um dia me acabarei.

( Cecília Meireles )"