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segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Somos Tão Jovens" - Crítica

Thiago Mendonça NÃO é Renato Russo.


É louvável a iniciativa de se produzir um filme como esse. Levar a mensagem da Legião Urbana para essa garotada acostumada com “tche tcherere tche tche”, por si só já mereceria aplausos. Mas o que se viu na tela de “Somos Tão Jovens”, foi um retrato superficial e insosso da formação da cena punk-rock de Brasília. O longa-metragem de Antônio Carlos da Fontoura parece um daqueles filmes que a Globo ama passar no “Festival Nacional” no início de cada ano.

A história está ali. O problema é como ela é conduzida. O roteiro é mal-amarrado por ações que não se concluem sabe-se lá por quê. Quando alguma trama começa a entrar num clímax de emoção, a cena corta para outra história (Como no caso da ida de Petrus para o serviço militar ou a relação de Renato com Carlinhos). Não há momentos de perder o ar, de emoção, de entrega. É como se o avião pousasse assim que alça voo. Aliás, Sérgio Dalcin, o ator que faz Petrus é frágil demais. A escalação de Thiago Mendonça também não me parece das mais felizes. Nos seus papéis na TV, nunca conseguiu perder os trejeitos afeminados e Renato, definitivamente não era afeminado. Embora em alguns momentos (os de shows principalmente) Thiago até consiga reproduzir com bastante fidelidade os trejeitos de Renato Russo, na maior parte do tempo, sua interpretação é rasa e lembra qualquer coisa de Malhação ou peça de Ensino Fundamental. Falta a Thiago, a profundidade de Renato, a melancolia, o lirismo. O olhar. Aliás, não só a Thiago, mas o filme todo parece embrutecido e corrido demais. Não tem poesia. Ou melhor, reconheci dois momentos poéticos: A abertura ao som de violão, violas, violinos e violoncelos com “Tempo Perdido” e o momento em que a Legião toca “Ainda é Cedo”, dedicada para Aninha, vivida e defendida muito bem pela ótima Laila Zaid. Bianca Comparato, Marcos Breda, Sandra Corveloni e Bruno Torres estão muito bem em seus papéis. A participação de Edu Moraes como Herbert Vianna também é um ponto alto, esse sim, consegue chegar bem próximo do personagem real.

A intenção era mostrar a formação da Legião Urbana, passando pelo Aborto Elétrico e pelo período do Trovador Solitário de Renato. Como documentário não há nada de errado com o filme. Poderia passar para os meus alunos pra situar a banda no tempo e no espaço de Brasília no final do regime militar. Para conhecer alguns fatos da vida de Renato. Para apenas ouvir as músicas desse período tão rico para o rock nacional. Mas quem é fã da Legião e quem gosta de arte, sente falta de poesia, de melancolia, de beleza que as palavras de Renato traziam. Nada nele ou na Legião era superficial. O que mais faz falta em “Somos Tão Jovens” é uma visão mais artística da obra dessa banda que marcou gerações. Uma pena.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mariane - Legião Urbana



Eu tenho trabalhado tanto
Eu tenho pensado muito
Eu tenho feito algumas coisas fora do comum
Isso não é certo
Eu tenho pensado em você
Quando você vai voltar pra mim?

Eu tenho trabalhado todos os dias
Eu tenho pensado muito em você
Eu estive perdido pela manhã
Eu não sei o que fazer sem você
Quando eu vou te ver mais uma vez?

Eu sei isso é apenas uma fase
Eu não sei aonde eu vou
Eu não me preocupo, pois é só uma fase.
Isso passa

Eu tenho trabalhado muito
Eu tenho pensado em nós
Eu estive perdido pela manhã
Eu não sei mais o que fazer
Eu não quero mais pensar em você
Eu deixarei você partir pra sempre
Você me deixará aqui sozinho?

E eu não faço idéia pra onde vou
Mas não me preocupo muito com isso
Eu sei isso não passa de uma má fase
Um dia você vai voltar pra mim
E novamente vamos ser felizes

Isso é apenas uma fase

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobre o tributo à Legião Urbana - Crítica

Quem me conhece sabe que eu não preciso me prolongar aqui no que tange a devoção que tenho à obra de Renato Russo. Então me sinto bem a vontade para falar dos dois dias de show no Espaço das Américas, em São Paulo. Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá voltaram  ao palco para tocar novamente os grandes sucessos da banda que virou ícone das gerações de 80 e 90. Como anfitrião da festa e vocalista do repertório, Wagner Moura foi convidado por suas recentes interpretações de músicas da banda em seus últimos filmes.

Muito se tem falado sobre a escolha do Wagner para tal feito. O ator possui uma banda chamada "Sua Mãe" que trabalha com um pop brega de sonoridade até gostosa. Além disso, é fã incondicional da Legião, o que de certa forma lhe concede propriedade para cantar a plenos pulmões, canções como "Fábrica", "Andrea Doria" e outras. O que se viu foi quase um devocional. Milhares de pessoas formando um imenso coral; a maioria ali nunca presenciara uma performance ao vivo da banda. 

Wagner é extremamente carismático e conseguiu fazer a plateia embarcar na mesma vibração dele. E de verdade foi uma troca de fã para fãs. Em momento algum Wagner se postou como sucessor de Renato. E nem poderia.

Musicalmente o show teve imensas falhas. E aí sim, do ponto de vista musical, pode se questionar a escolha de Wagner. Foi o típico caso de quando o repertório é maior do que o cantor. Renato Russo tinha uma extensão de voz que não é fácil reproduzir. Wagner tem a voz pequena, que soa melhor em canções sem grandes necessidades de passeios por regiões diferentes. Não dá pra negar que ele desafinou, semitonou por muitas vezes. Muito provavelmente alguns fatores contribuíram pra isso: A imensa carga de emoção embarga a voz, fica difícil mesmo manter a afinação. O pouco tempo de ensaio. A responsabilidade. E a própria inexperiência do Wagner com multidões ávidas por ouvir um show de música. Dado e Bonfá também tiveram falhas graves. O solo de guitarra em "Quase sem querer" foi constrangedor. Mas deve se salientar que Dado cantou muito bem.

Apesar dos problemas técnicos e musicais, valeu cada segundo de show. Foi daqueles espetáculos que se deixam devendo por um lado, sobra de outro. A emoção, a vibração, a energia presentes ali foram além do que se podia imaginar. E se foi mesmo a última vez que Dado e Bonfá tocaram as músicas do grupo, encerra-se com uma página linda, o "Livro dos Dias" da Legião Urbana.

FORÇA SEMPRE.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Mil Pedaços - Trecho novo III


O SEPARADO - E o vento vai levando tudo embora.... Agora está tão longe... Ver a linha do horizonte me distrai... Dos nossos planos é que tenho mais saudade, quando olhávamos juntos na mesma direção.
Aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?
(cantando)
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...
Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...
Olha só o que eu achei
Cavalos-marinhos...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar...




Composição: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá


Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que então, eu não sabia
Amar e me via perdido e vivendo em erro
Sem querer me machucar de novo
Por culpa do amor

Mas você e eu podemos namorar.
E era simples: ficamos fortes.
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu

Sei rimar romã com travesseiro
Quero a minha nação soberana
Com espaço, nobreza e descanso.

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor fazer sentido.

Começo a ficar livre.
Espero. Acho que sim.
De olhos fechados não me vejo e, você sorriu pra mim.

"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,"
Tende piedade de nós."

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mil Pedaços - Trecho Novo II


A DESILUDIDA – Às vezes faço planos. Às vezes quero ir pra algum país distante...
Voltar a ser feliz.
Já não sei dizer o que aconteceu. Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu, se meu desejo então já se realizou. O que fazer depois... Pra onde é que eu vou...

O PLATÔNICO – Percebo agora que o teu sorriso vem diferente... Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim. Quero a tua força como era antes... O que tens é só teu e de nada vale fugir e não sentir mais nada...

sábado, 28 de janeiro de 2012

Mil Pedaços - Trecho Novo


A DESILUDIDA – Aprendi o que era certo com a pessoa errada. Nada era como eu imaginava. Nem as pessoas que eu tanto amava. Me ajuda se eu quiser, me faz o que eu pedir! Não faz o que eu fizer, mas não me deixe aqui... Ninguém me perguntou se eu estava pronta. E eu fiquei completamente tonta, procurando descobrir a verdade nos meios das mentiras da cidade.

O PLATÔNICO - Não esconda tristeza de mim. Todos se afastam quando o mundo está errado... Quando o que temos é um catálogo de erros, quando precisamos de carinho
Força e cuidado. Este é o livro das flores... Este é o livro do destino... Este é o livro de nossos dias... Este é o dia de nossos amores...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Biografia Legião Urbana - Parte 4


Meses depois daquele show, eles retomaram os trabalhos que dariam luz a As Quatro Estações. Estavam convencidos de que os tempos eram outros e que o processo de espiritualização individual era um caminho mais efetivo para mudanças do que os brados punks de 1978, afinal dez anos já haviam se passado. A obra de Renato Russo e, por consequência, da Legião Urbana circulava pelas fronteiras entre a ética pública e a ética privada, como definiu Arthur Dapieve no livro “Renato Russo, o Trovador Solitário”. Seja na condução do país, da coisa pública, dos meios de comunicação ou na sinceridade e respeito aos sentimentos individuais, era preciso disciplina, compaixão, bondade e coragem. Neste disco, lançado em 1989, essas esferas da vida de todo cidadão eram rediscutidas. Juntando Camões com a filosofia de textos bíblicos e budistas, a poesia de Renato chegava ao auge da forma e se tornava ainda mais precisa sobre os problemas do seu tempo. Do desgaste das relações familiares à Aids, da intolerância e dos preconceitos sexistas ao amor romântico idealizado e inatingível, a Legião Urbana encerrava os anos 80 traçando o panorama daqueles tempos e jogando luzes de esperança para dias tão sombrios.


Essa tal esperança que aparecia em As Quatro Estações coincidia com a que alimentava o processo eleitoral brasileiro. Pela primeira vez em quase trinta anos, o país voltava a vivenciar uma escolha democrática de presidente da Repúbica. O fracasso da era Sarney se redimia pela certeza de que, em breve, o povo brasileiro voltaria a ser senhor da sua história. Só que a expectativa virou trauma. Não havia mais ninguém em quem se pôr a culpa pela escolha de Collor e o preço que se pagava era caro. A cada hora que se passava, se envelhecia dez semanas. A apatia e o marasmo, frutos da incredulidade frente ao que se vivia, eram refletidos pelo novo trabalho do grupo. Em V, Renato voltava a fazer uso das figuras medievais e rômanticas, agora com mais ênfase, para tratar da tal esfera pública e se aproximava mais da simplicidade, delicadeza e despretensão ao falar das relações pessoais. A saída da falta de perspectivas para o cenário do país estava numa melhor condução das relações cotidianas. Bonfá e Dado também passavam por um processo criativo rico e as músicas da Legião ganhavam novas formas e dinâmicas. Os arranjos eram mais complexos e novos instrumentos apareciam. Antes da gravação deste disco, Renato se descobrira infectado pelo vírus HIV.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Talvez Seja Real


Parte de mim que faltava.
Tanto eu esperava te ver.
Olhando o tempo eu e você, o impossível vamos viver.
Ilusão eu duvido talvez seja real.
Chegou por quanto tempo,
Amanheceu o impossível não é pecado.

Tire os olhos da parede, abra as janelas do quarto.
Como a laranja e a sede a gente ainda quer se encontrar.
Como a laranja e a sede, abra as janelas do quarto, tire os olhos da parede.

E essa parte de mim separada,
Talvez seja real.
Chegou por quanto tempo amanheceu.

(Legião Urbana)

Biografia Legião Urbana - Parte 3




Apesar e por causa da reação ensandecida dos fãs, as turnês do grupo não eram longas. O imenso circo que era preciso se formar para cada show tornava aquele ritual um tanto quanto incômodo. Emocionalmente também era tudo muito intenso e desgastante. Renato, por ser o líder em quem os fãs depositavam tantas expectativas, sofria ainda mais com aquilo tudo. O apogeu dessa catarse coletiva aconteceu em 18 de junho de 1988, em Brasília. Durante o show que marcava a volta da banda à cidade, os portões do estádio Mané Garrincha foram abertos, na tentativa de conter os que não conseguiram comprar um dos 50 mil ingressos postos à venda. Com a tensão no ar, uma série de confusões se sucederam. Violência policial, discursos inflamados, bombas caseiras e a invasão do palco por um fã alucinado que se agarrou violentamente ao vocalista. O cenário de caos terminou com a suspensão da apresentação e mais confusão. Cerca de 50 pessoas foram presas, mais de 300 ficaram feridas e uma série de péssimas lembranças como resultado. A turnê foi suspensa e, a partir dali, a Legião se voltaria ainda mais para os estúdios. 

domingo, 25 de dezembro de 2011

Biografia Legião Urbana - Parte 2


De toda a geração emergida no boom do rock nacional em 1985, a Legião Urbana foi a banda mais venerada pelo público e respeitada pela crítica. Não havia ingenuidade, nem brincadeirinhas nas letras. Por outro lado, o discurso não caía para a facilidade do tom panfletário. Renato era um líder nato. Os arranjos eram simples para não disfarçar as mensagens urgentes. No segundo álbum, Dois, o lado lírico e folk aflorou mais. Se o primeiro trabalho tinha toda a urgência punk-aborto-elétrico, aquele era  o contraponto, a visão complementar de um trovador que já não era mais solitário. Estava claro para todo mundo o que era, de fato, a Legião Urbana. O rock poderia ser popular, poderia falar de amor, poderia dar à música brasileira uma pá de grandes canções.


No terceiro disco, Que País É Este 1978/1987, a Legião amarrou de vez a ponte entre o Aborto Elétrico e o Trovador Solitário, gravando várias faixas que circulavam na obra daqueles trabalhos anteriores de Renato. Da violência naturalista de “Que país é este?” à singeleza romântica de “Eu sei”, a Legião era a síntese daquilo tudo: o ápice criativo de Renato e o rebuscamento de Dado e Bonfá (Nesta época, eles ainda contavam com Renato Rocha, o Negrete, baixista que entrou no grupo à época da gravação do primeiro disco e saiu depois deste terceiro trabalho).


Os primeiros anos sem o comando militar ainda eram marcados pela sombra que o governo de José Sarney representava. Para piorar, o fracasso das duas versões do Plano Cruzado provocavam um caos econômico no país e uma falta de perspectivas reais. As tintas que refletiam isso estavam sempre presentes nos trabalhos da Legião Urbana. Em momentos como aquele, elas pareciam tomar mais destaque. O rock brasileiro ainda sofria questionamentos quanto à sua legitimidade cultural, acusado de ser apenas uma importação anglo-saxônica, sem originalidade. Na esteira da resposta a esses críticos, os Paralamas tinham acabado de estourar “Alagados”, um hit cheio de referências caribenhas, nordestinas, com uma letra abraçada por todas as camadas sociais do país. A Legião faria mais e colocaria a saga de vida e morte de um nordestino, cantada em forma de repente, com enredo de história de cordel e nove minutos de duração, para ser a música mais tocada do país. “Faroeste caboclo” se tornou um marco da década de 80 e a Legião Urbana assumia, definitivamente, o posto de maior banda do Brasil.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Biografia Legião Urbana - Parte 1



A partir de hoje, vou postando aos poucos a biografia da banda que revolucionou o rock nacional, a Legião Urbana. Por tudo o que a banda representa pra mim, pra minha vida, pra minha geração. Enfim, é importante que a atual geração saiba quem foram esses caras e que eles podem ter muito a dizer ainda.


Vindos de uma juventude punk forjada sob o olhar da classe média de Brasília, centro do poder no período militar, um grupo de amigos, conhecidos como a Turma da Colina, tinha muito para dizer. Cultos, com formação em bons colégios, viajados, eles foram se encantar logo pela anarquia punk. Natural numa cidade em que a impunidade era comum para quem está tão próximo ao poder. A Legião Urbana surgiu nesse cenário, na sequência de dois projetos musicais cujos nomes eram tão opostos quantos complementares: Aborto Elétrico e Trovador Solitário. Em comum entre eles, a figura de Renato Russo, cuja personalidade poderia ser deduzida a partir destas personas artísticas que ele havia criado e batizado. Da Turma da Colina, se juntaram a ele Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos. Com o trio, o núcleo criativo se constituiu e daí uma nova história começa para os três.

Brasília era ainda uma ilha cultural em relação ao resto do país. Afora a genialidade da arquitetura de Oscar Niemeyer, até 1978, a história curta da nova capital não lhe atribuíra ainda nenhum momento particularmente brilhante nas artes, até porque não havia sido formada a primeira geração de artistas brasilienses. Estes estavam surgindo, justamente ali, com a cara que aquelas duas primeiras décadas tinha tido na cidade. Começa-se, então, a saber que a capital tem um olhar muito particular sobre o país que a cerca. Naturalmente, esse ponto de vista se apresenta pelos gritos jovens. O primeiro alvo, lógico, era o vestibular. Passando por ele, Brasília também entraria na vida adulta. “Química” era um dos hinos do Aborto Elétrico e foi a primeira canção daquela turma a ser gravada em fonograma e lançada em LP e K7 por todo o país. A responsabilidade disso foi de “amigos que estavam lá no Rio”, os Paralamas do Sucesso. Naquele momento, os ouvidos do Sul descobriam um novo jeito de se escrever letras e de se cantar. Esse novo modo vinha acompanhado de assinatura: Renato Russo. Não tardou para que Jorge Davidson, o cara que lançara os Paralamas do Sucesso, quisesse lançar também aquela nova joia que surgia na sua frente. Logo em seguida, eram eles, Renato, Dado e Marcelo, que estavam de mudanças para o Rio. Contrato assinado, chance de gravar um disco e a tal história começa a não ser só dos três, mas de uma geração inteira.


Entraram em cena acelerando o andamento da música jovem brasileira. Com ares punks e guitarras distorcidas, assumiam a voz daqueles que tinham crescido sobre o período militar chamando-os de “Geração Coca-Cola”, num texto que punha o dedo na cara dos mais velhos, sem deixar de cutucar a própria ferida. Um misto de desabafo e autocrítica que não poupava ninguém. Mas não eram só isso. Eles também sabiam chegar com canções redondas. “Ainda é cedo” e “Por enquanto” se tornaram duas das músicas mais regravadas por outros artistas nos anos seguintes.


(Continua...)