
A Globo estava com um pepino no horário há alguns anos. O último grande sucesso (ainda assim de qualidade dramatúrgica duvidosa) foi "Alma Gêmea", em 2005. De lá pra cá o que se viu foi uma repetição de clichês e nada de novo. "Sinhá Moça" tinha um bela fotografia e bom elenco, mas era mais do mesmo. Elizabeth Jhin tentou algo diferente em "Eterna Magia" mas foi prontamente orientada a transforma sua trama de Bruxas e Magos em mais um folhetim água com açúcar. E o que se viu a seguir foi uma sucessão morna de histórias que soavam remakes de si mesmas.
A história começou a mudar em abril de 2011 com "Cordel Encantado". Um risco que a emissora decidiu correr: Uma trama de reis e rainhas misturada com o sertão brasileiro. Elenco, figurino, cenário, direção e história afinados renderam uma das melhores produções do horário. Então veio o desafio de se manter o padrão da qualidade alcançada pela trama de Telma Guedes e Duca Rachid.
Lícia Manzo veio com sua primeira novela solo. Anteriormente, escreveu o seriado de única temporada "Tudo Novo de Novo", estrelado por Júlia Lemmertz e Marco Ricca. Agora tinha a responsabilidade de manter a audiência conquistada pela bem-sucedida "Cordel Encantado".
Lícia optou por um trama com poucos personagens, o que permite tramas mais densas e profundas e parece que é exatamente essa a proposta de "A Vida da Gente". Não há clichês. Não há previsibilidade. Não há vilões. O ser humano é apresentado na sua complexidade e na suas multifacetas. Não se pode dizer que Eva ou Vitória sejam vilãs. Apesar do comportamento obcecado das duas, elas são completamente críveis e não são más no sentido maniqueísta da palavra. A primeira tem adoração pela filha, e não comete atrocidades e assassinatos como a Tereza Cristina de "Fina Estampa". A segunda é uma treinadora mão-de-ferro, amarga, dura, mas que ao mesmo tempo condenou veementemente a atitude da atleta que tomou estimulantes antes de entrar em quadra. Não são conceitos morais que faltam às duas. São emocionais.
A trama central fala de amor, claro. Mas foge do lugar-comum ao ir além do quem-fica-com-quem. Manu, Ana e Rodrigo são personagens que têm profundidade e a autora usa de outros personagens para devassar a intimidade desse triângulo. O público sente-se como amigo e confidente dos personagens. A autora traz no texto, reflexões e pensamentos que levam o público a se identificar e compreender o que se passa com cada personagem. A autora ainda usa do cotidiano, das cenas mais comuns do dia a dia como pano de fundo nas suas cenas, o que faz lembrar os bons tempos de Manoel Carlos. Tudo com muita beleza e delicadeza. A direção de arte é outro show a parte. Figurinos, cenários, o filtro usado na câmera. Até a acertada escolha em fugir do eixo Rio-São Paulo e ambientar a novela em Porto Alegre e Gramado, duas cidades belíssimas e com paisagens que combinam perfeitamente com a certa dose de melancolia que a trama traz.
A novela traz Fernanda Vasconcelos em seu melhor momento na TV. Marjorie Estiano confirma o que se percebe dela desde muito tempo: É uma atriz pronta. O mesmo não se pode dizer de Rafael Cardoso, que ainda precisa de muito feijão-com-arroz. No mais o elenco é homogêneo. Gisele Fróes, Ana Beatriz Nogueira, Thiago Lacerda, Ângelo Antônio, Regiane Alves, Paulo Betti, Malu Gali estão seguros e dando show em cena. Gratificante é ver o trabalho de Nicette Bruno e Stênio Garcia sendo valorizado numa trama tão bonita.
A novela trouxe a grata surpresa que atende pelo nome de Maria Eduarda, atriz excelente que vem arrebentando num papel extremamente difícil. E ainda a pequena Jesuela Moro que foge do tatibitate comum às crianças da sua idade em novelas. Quem surpreendeu também positivamente foram Sthefany Brito, Daniela Escobar, Leona Cavalli e Júlia Almeida. Atrizes que sempre foram fraquinhas, mas conseguiram um resultado satisfatório na novela. Claro que nem tudo são flores. Rafael Almeida, Eriberto Leão e Francisco Cuoco continuam interpretando a si mesmos. E a novela sofre agora mais uma baixa com a entrada do infame Klebber Toledo. Mas, o que há de se fazer né?
A novela entra em sua reta final e já deixa saudade com uma das melhores produções da Globo nos últimos dez anos. Aliás, louvável essa postura da emissora em investir no horário das seis. Que assim seja com "Amor, eterno Amor" de Elizabeth Jhin que vem por aí.
Lícia optou por um trama com poucos personagens, o que permite tramas mais densas e profundas e parece que é exatamente essa a proposta de "A Vida da Gente". Não há clichês. Não há previsibilidade. Não há vilões. O ser humano é apresentado na sua complexidade e na suas multifacetas. Não se pode dizer que Eva ou Vitória sejam vilãs. Apesar do comportamento obcecado das duas, elas são completamente críveis e não são más no sentido maniqueísta da palavra. A primeira tem adoração pela filha, e não comete atrocidades e assassinatos como a Tereza Cristina de "Fina Estampa". A segunda é uma treinadora mão-de-ferro, amarga, dura, mas que ao mesmo tempo condenou veementemente a atitude da atleta que tomou estimulantes antes de entrar em quadra. Não são conceitos morais que faltam às duas. São emocionais.
A trama central fala de amor, claro. Mas foge do lugar-comum ao ir além do quem-fica-com-quem. Manu, Ana e Rodrigo são personagens que têm profundidade e a autora usa de outros personagens para devassar a intimidade desse triângulo. O público sente-se como amigo e confidente dos personagens. A autora traz no texto, reflexões e pensamentos que levam o público a se identificar e compreender o que se passa com cada personagem. A autora ainda usa do cotidiano, das cenas mais comuns do dia a dia como pano de fundo nas suas cenas, o que faz lembrar os bons tempos de Manoel Carlos. Tudo com muita beleza e delicadeza. A direção de arte é outro show a parte. Figurinos, cenários, o filtro usado na câmera. Até a acertada escolha em fugir do eixo Rio-São Paulo e ambientar a novela em Porto Alegre e Gramado, duas cidades belíssimas e com paisagens que combinam perfeitamente com a certa dose de melancolia que a trama traz.
A novela traz Fernanda Vasconcelos em seu melhor momento na TV. Marjorie Estiano confirma o que se percebe dela desde muito tempo: É uma atriz pronta. O mesmo não se pode dizer de Rafael Cardoso, que ainda precisa de muito feijão-com-arroz. No mais o elenco é homogêneo. Gisele Fróes, Ana Beatriz Nogueira, Thiago Lacerda, Ângelo Antônio, Regiane Alves, Paulo Betti, Malu Gali estão seguros e dando show em cena. Gratificante é ver o trabalho de Nicette Bruno e Stênio Garcia sendo valorizado numa trama tão bonita.
A novela trouxe a grata surpresa que atende pelo nome de Maria Eduarda, atriz excelente que vem arrebentando num papel extremamente difícil. E ainda a pequena Jesuela Moro que foge do tatibitate comum às crianças da sua idade em novelas. Quem surpreendeu também positivamente foram Sthefany Brito, Daniela Escobar, Leona Cavalli e Júlia Almeida. Atrizes que sempre foram fraquinhas, mas conseguiram um resultado satisfatório na novela. Claro que nem tudo são flores. Rafael Almeida, Eriberto Leão e Francisco Cuoco continuam interpretando a si mesmos. E a novela sofre agora mais uma baixa com a entrada do infame Klebber Toledo. Mas, o que há de se fazer né?
A novela entra em sua reta final e já deixa saudade com uma das melhores produções da Globo nos últimos dez anos. Aliás, louvável essa postura da emissora em investir no horário das seis. Que assim seja com "Amor, eterno Amor" de Elizabeth Jhin que vem por aí.
Ótima análise Lenin, mas senti falta de comentário, concordando ou não, com a afirmação de que, nessa novela, todos os personagens fortes são femininos. Os masculinos são fracos ou dominados pelas mulheres...
ResponderExcluirIsso é verdade, Mau. Bem observado.
ResponderExcluirEu acho que de certa forma faz sentido né? O público da novela das seis geralmente é na sua maioria feminino. Retratar mulheres fortes e decididas pode ser um "atrativo" a mais para o público. O que não chega a me incomodar. Foi uma opção da autora. Acho que depois de anos e anos com a mulher sempre no papel de sofredora salva pelo galã, é justo uma inversão.
A Maria Eduarda é incrível, arrebenta! No mais, você disso tudo...uma das melhores produções da Globo dos últimos tempos. Sobretudo pq "mistura" vilões e mocinhos na "mesma pessoa", sem o afrouxamento moral de muitas tramas. Adoro este blog, ta de parabéns! Super beijo
ResponderExcluirSUA LINDA!
ExcluirEu só acho que fica um pouco chato nos monólogos da Ana, muito cansativo intermináveis.
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