sexta-feira, 26 de abril de 2013

Keep Breathing


The storm is coming, but I don't mind.
People are dying, I close my blinds.

All that I know is I'm breathing now.

I want to change the world, instead I sleep.
I want to believe in more than you and me.

But all that I know is I'm breathing.
All I can do is keep breathing.
All we can do is keep breathing now.

All that I know is I'm breathing.
All I can do is keep breathing.
All we can do is keep breathing.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sutilezas

São elas que transformam as coisas na verdade. Pequenas coisas. Mínimas. Detalhes que passam desapercebidos pela maioria. Eu sempre fui dado às sutilezas. E isso é de alguma forma contraditório porque quase nunca consigo ser sutil, embora me encante quem o seja. As coisas leves. Ditas com os olhos ou com um simples tocar nas mãos do outro. Isso me fascina. Eu adoro quando chega aquele momento em que não tem mais nada a ser dito, aquela catarse em que o nó sobe à garganta e os olhos fazem questão de encerrar aquela cena após permitirem o abraço ter o seu momento de glória. Perceber o mundo através do quase invisível é um desafio sedutor e viciante e a beleza que acompanha cada novidade descoberta causa um torpor sem igual. Pense bem. Naquele momento em que só você percebeu o sorriso da criança ao olhar para a avó no supermercado. Nos minutos que você gastou olhando para o horizonte na última viagem de ônibus e percebeu um pôr do sol de cores diferentes de todas as que você já tinha visto. O barulho da chuva. As pessoas indo e vindo num calçadão, tão diferentes entre si e tão iguais no caminhar apressado.
Tudo isso me deixa perplexo. E os detalhes foram moldando meu caminho profissional. Escrever, ouvir histórias, atuar, cantar. E como eu disse lá em cima, para um bocado de coisa eu não tenho sutileza alguma. Mas estou tentando buscar dentro de mim algo que me faça administrar essa sensibilidade mais aguda que um si bemol. 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Resposta ao senhor Cláudio Botelho.



"ONTEM LI NO GLOBO algo que me deixou cabreiro. Uma matéria se referia a um sujeito como "um dos nomes mais representativos do teatro carioca", ou algo parecido com isso. Ora, eu vivo numa bolha, tá certo. Me desculpem, sou alienado, não sei qual é a música famosa do The Cure. Mas do meu negócio eu entendo. E o sujeito descrito na matéria como "mais representativo" (ou algo similar) é alguém do circuito alternativo. Mais que isso, é o alternativo do alternativo. Ora, vamos ser francos... No Brasil não existe teatro alternativo, isso é uma conversa mole. O que existe é um teatro feito para ninguém ir, ou quem vai são os amigos ou parentes, ou são outros "alternativos", ou alunos de escola de teatro, não é público, não pagam ingressos. Ponto. Isso aqui é o Brasil, não é o Brooklyn. Então quando o Globo anuncia que o sujeito é "um dos mais do teatro", sendo que nem a mãe dele deve achar isso, fico pensando se eu vivo mesmo numa bolha e enlouqueci de vez, please me receitem Haldol urgente... Ou então que um "release" é capaz de convencer alguém a publicar que - pra usar uma comparação bem direta e compreenísvel - "o Grande destaque do Carnaval do Rio neste ano foi a Escola de Samba Do Playground Do Edifício Balança Mais Não Cai." Beija Flor, Mangueira, Salgueiro: tudo pé-de-chinelo. O Balança é que veio com tudo. Ah, me poupe!"
Cláudio Botelho


Este cidadão, que há anos não cria quase nada, apenas reproduz, está falando de mim e de todos os que sobrevivem de teatro sem apoios e patrocínios gigantescos, quando diz que o Teatro Alternativo não existe. “No Brasil não existe teatro alternativo, isso é uma conversa mole. O que existe é um teatro feito para ninguém ir, ou quem vai são os amigos ou parentes, ou são outros "alternativos", ou alunos de escola de teatro, não é público, não pagam ingressos.” E as pesquisas dramatúrgicas e cênicas realizadas em Universidades e Escolas de teatro Brasil afora? É de uma ignorância e arrogância sem limite esse tipo de opinião. Já assisti espetáculos da dupla Moeller e Botelho e há qualidades sim. A parte técnica sempre impressiona: iluminação caprichada, cenários e figurinos de impressionar, belos arranjos nas músicas. Mas e o trabalho de ator? Deixa muitas vezes a desejar. O de direção então nem se fala. E a inovação? A pesquisa? A emoção? A plateia saindo tocada e emocionada? Ou incomodada mesmo? Não existe.

Quando ele sobe nesse pedestal e vocifera e cospe “pra baixo”, é como se ele fosse o supra-sumo da qualidade e nada mais existisse de bom sendo produzido. Será uma amargura porque eles NUNCA estão entre os indicados aos prêmios de teatro? Doutores, estudiosos e críticos em arte, afirmam que todas as mudanças e novas possibilidades para os caminhos do teatro contemporâneo surgem do chamado Teatro Alternativo. Esse mesmo teatro que ele diz que ninguém assiste, já que “amigos e parentes não são público” (será que ele tem plateias de inimigos? Deus me livre!). Justamente por não ter a pressão de ser apenas um produto comercial, é que se permite a experimentação, o novo, o desconhecido. Permite-se não abrir exceções para o lugar-comum, o riso fácil. Dá-se tempo para o ator vivenciar aquilo que está encenando e não apenas decorar marcas e falas porque a estreia é daqui a dois meses e os diretores já têm mais 5 espetáculos sob encomenda.
A fala deste cidadão é um desrespeito com todos os grandes autores, diretores, atores e profissionais que lutam pra fazer uma arte que vá além de apenas lotar um teatro. Baile funk vive cheio. Zorra Total tem audiência cativa. E cá entre nós, nem todos os espetáculos do senhor Botelho lotam, principalmente em São Paulo. Os números em si, não são sinônimos de qualidade. Claro que todo mundo deseja mostrar o seu trabalho para o maior número de pessoas e acredite; quem vive e sobrevive com o chamado teatro alternativo trabalha muito por isso.
Senhor Botelho: Saia da sua redoma de vidro, estude um pouco mais, conheça novos ares. Teatro não se resume a uma cópia de Broadway. Tem muita gente, mas muuuuita gente que dá um duro danado estudando e trabalhando pra que novos horizontes se abram e para que o Teatro não se transforme numa TV ao vivo.

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Todo mundo sabe que eu cresci dentro de um contexto cristão evangélico e posso afirmar com toda a certeza que todos os valores morais e éticos que aprendi têm dois responsáveis diretos: a minha família e a igreja que freqüentei desde pirralho. Sempre tive e tenho até hoje na figura do pastor Silas Quirino de Carvalho, o maior referencial de honestidade, ética, transparência e moral que tive na vida. Não apenas pelo que o ouvia falar desde os meus seis anos de idade. Mas por todas as atitudes, decisões que o vi tomar ao longo dos anos nas mais diversas e adversas situações. É um homem que eu respeito e admiro muito, além do carinho que tenho por ele e por sua família. Assim como ele, durante os anos na igreja vi muitos homens e mulheres admiráveis pela sincera busca de Deus, de algo maior, de vida íntegra e justa diante daquilo que crêem. Porém, dentro do contexto da igreja evangélica, como em qualquer lugar do mundo, qualquer religião, trabalho, escola, segmento da sociedade, existem os lobos em pele de cordeiro, aqueles que se aproveitam da boa fé das pessoas. E por ter passado tantos anos dentro da igreja, após tanto ensinamento, depois de tanto ter convivido com pessoas sérias, fica muito fácil identificar os falsos profetas de hoje. E esses têm nome e sobrenome: Valdemiro Santiago, Edir Macedo, R.R Soares, Silas Malafaia e milhares de outros que de forma sórdida, usam o nome de Deus e a fé alheia para encherem os próprios bolsos. Tenho a certeza que dentre o “rebanho” destes, existem pessoas de boa índole, de caráter, mas que contudo, não conseguem enxergar quem são seus líderes.
Não preciso me retratar aqui com o velho discurso de “eu respeito a religião de todos, etc...”. O que eu respeito é a fé de cada um, a crença (ou não-crença) que cada indivíduo carrega consigo. Tenho muitos amigos, e amigos mesmo no sentido amplo da palavra que são evangélicos e são pessoas extraordinárias, gente que eu amo de paixão. Eu creio em Deus, creio em Jesus, essa é sim a minha fé. E essa mesma fé não me impede de ser cidadão pensante, não me torna cego diante das imensas quadrilhas disfarçadas de igrejas que têm se multiplicado em nossos dias. Não posso compactuar com esse nojo.

Era só isso que eu queria deixar claro.