domingo, 18 de março de 2012

Relembrando Nina Arueira


 Maria da Conceição Rocha e Silva era o nome de batismo de uma campista que viveu à frente de seu tempo. Nina Arueira, nasceu em 18 de março de 1916 e ganhou da avó o apelido de “pequenina”. Estudou no Grupo Escolar João Clapp e posteriormente no Liceu de Humanidades de Campos. No início dos anos 30, em plena era Vargas, a jovem despontou no espaço cultural de Campos, com seus versos, artigos e poemas figurando nas primeiras páginas dos principais jornais locais da época, como o Monitor Campista, a Folha do Commércio e A Notícia, já dando sinais de que não se tratava de uma jovem comum aos seus dias. Defendia a ideia de que as mulheres deveriam se defender da exploração do trabalho, do preconceito. Na juventude do Partido Comunista, organizou sindicatos, participou de reuniões e panfletagens junto a operários e trabalhadores de fábricas. Em 1934, ano da Constituinte, Nina participou de um comício em Campos, no dia 1º de maio em que aconteceu uma série de tumultos, entre eles, a queima da bandeira nacional, ato cuja culpa pesou sobre Nina, e que foi amplamente divulgado pela imprensa, fazendo com que os jornais não mais publicassem os artigos dela. No ano seguinte, Nina, meses antes de se casar com Clóvis Tavares, contrai tifo e morre. O noivo então, liderou a criação da Escola Jesus Cristo, no intuito de preservar a memória da jornalista e inicialmente se dedicava à evangelização de crianças à luz da doutrina espírita, e com o passar dos anos, jovens e adultos começaram a frequentar as aulas de Clóvis. A instituição ainda funciona com aulas, pregações evangelísticas e doutrinárias e serviços de ajuda ao próximo. Nina era uma mulher extremamente espiritualizada. Uma de suas frases diz bem sobre os seus conceitos divinos: “Deus é o oceano interminável e nós somos cada qual um mediterrâneo nas reentrâncias da terra”.
Evaristo Penha, autor da biografia da jovem, escreveu: “A educação elitista que recebe o povo brasileiro, indústria a serviço da classe dominante, tentou apagar das páginas da história, os feitos da grande líder popular campista que foi Nina Arueira, a heroína quase menina, que cumpriu com destemor o papel de defensora de direito dos povos, até seu falecimento”.


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