
Maria da Conceição Rocha e Silva
era o nome de batismo de uma campista que viveu à frente de seu tempo. Nina
Arueira, nasceu em 18 de março de 1916 e ganhou da avó o apelido de
“pequenina”. Estudou no Grupo Escolar João Clapp e posteriormente no Liceu de
Humanidades de Campos. No início dos anos 30, em plena era Vargas, a jovem
despontou no espaço cultural de Campos, com seus versos, artigos e poemas
figurando nas primeiras páginas dos principais jornais locais da época, como o
Monitor Campista, a Folha do Commércio e A Notícia, já dando sinais de que não
se tratava de uma jovem comum aos seus dias. Defendia a ideia de que as
mulheres deveriam se defender da exploração do trabalho, do preconceito. Na
juventude do Partido Comunista, organizou sindicatos, participou de reuniões e
panfletagens junto a operários e trabalhadores de fábricas. Em 1934, ano da
Constituinte, Nina participou de um comício em Campos, no dia 1º de maio em que
aconteceu uma série de tumultos, entre eles, a queima da bandeira nacional, ato
cuja culpa pesou sobre Nina, e que foi amplamente divulgado pela imprensa,
fazendo com que os jornais não mais publicassem os artigos dela. No ano
seguinte, Nina, meses antes de se casar com Clóvis Tavares, contrai tifo e
morre. O noivo então, liderou a criação da Escola Jesus Cristo, no intuito de
preservar a memória da jornalista e inicialmente se dedicava à evangelização de
crianças à luz da doutrina espírita, e com o passar dos anos, jovens e adultos
começaram a frequentar as aulas de Clóvis. A instituição ainda funciona com
aulas, pregações evangelísticas e doutrinárias e serviços de ajuda ao próximo.
Nina era uma mulher extremamente espiritualizada. Uma de suas frases diz bem
sobre os seus conceitos divinos: “Deus é o oceano interminável e nós somos cada
qual um mediterrâneo nas reentrâncias da terra”.
Evaristo Penha, autor da
biografia da jovem, escreveu: “A educação elitista que recebe o povo
brasileiro, indústria a serviço da classe dominante, tentou apagar das páginas
da história, os feitos da grande líder popular campista que foi Nina Arueira, a
heroína quase menina, que cumpriu com destemor o papel de defensora de direito
dos povos, até seu falecimento”.
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