quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sanatório


Isso não é uma carta.

Também não é um texto dissertativo. Não é poesia, não é dramaturgia, não é soneto, não é nada. Isso é conseqüência de uma soma de ausências que já não cabe dentro de mim, precisa ser regurgitada em forma de palavras tão absurdamente desconexas, quanto as ações desses últimos meses.
Perdido numa tempestade eterna de emoções, numa vastidão tão grande de sensações desconhecidas dentro de mim que me pareço me afogar e naufragar a cada instante.
Antes nunca tivesse tido aquele gosto doce...
Antes nunca tivesse sabido o quanto é bom...
Antes nunca tivesse acreditado que eu podia e que eu também tinha direito.
Antes nunca tivesse tido falsas esperanças.
Antes nunca aquele amor, aquelas músicas.
A sensação plena de felicidade. Antes nunca tivesse tido.
Porque agora é ruim demais viver sem ela.
Às vezes tenho vontade de acordar e não sair da cama. Fugir desse mundo esquisito e ficar olhando pro teto até que algo aconteça, até que minha família me tire à força e me interne. Mas acho que até pra isso é preciso coragem. E eu me sinto um fraco hoje.

Vou dormir, porque não suporto mais pensar. Pensar é lembrar. E tudo o que eu lembro agora me dói.


3 comentários:

  1. Incrível como esses dois útlimos textos postados nessa madrugada, me tocaram fundo, como agulhinha furando qualquer pate do meu corpo. Lindos, intensos e densos. Principalmente o que vc escreveu Lenin, parabéns!

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  2. Em meus olhos vejo um amor perdido... Mas não vejo motivos pra tanto sofrimento... Melhor ter provado tantas experiencias e perdito, que jamais provado tais sabores. Seu maior problema é remoer o que poderia ter sido ao invez de se deliciar com o que foi para saber aproveitar o que inda esta por vir. A vida é mais, muito mais que tristezas e lamurias. A vida é feita de altos e baixos, feita de ser e não ser. Feita de encontros e partidas. Tudo pode nos machucar, tudo pode nos entristecer. Mas so nos para o que permitimos. O ser humano é mutavel, maleavel e flexivel, se adapta, se encaixa... somos metamorfos naturais. Então para de chorar e mude!

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    1. Parei de chorar. Mas precisava chorar. Aprendi ao longo dos anos que essa história de não sofrer por nada só deixa a gente doente. Preciso sentir as coisas no momento delas. Seja alegria, tristeza, dor, saudade, comoção, esperança, medo... Não se pode pular o luto. E tudo em mim é muito intenso. Não é necessariamente uma qualidade isso, acho que pelo contrário. Mas é como dizem: O cara é ator, passa dez horas numa sala trabalhando sensibilidade. Não dá pra desligar quando sai né?
      Eu passei pelo momento da dor quando tinha que passar, e escrever sempre foi libertador, alentador.
      Concordo que a vida é feita de altos e baixos. Mas foi destinado a mim viver cada momento de forma intensa.
      Não se pode pular a noite direto para as manhãs.
      O que escrevo um retrato de um momento, não é minha carteira de identidade. É exatamente como me sinto naquela hora, tudo o que passa na minha cabeça, na minha alma. Talvez se eu não escrevesse, o que está descrito no texto acontecesse: Eu seria internado num sanatório.
      Escrever é botar pra fora, é não engavetar um arquivo morto, inútil.

      Depois da noite, dessa tempestade, muita coisa mudou. Eu consigo ver tudo de bom que aconteceu. Arranquei as páginas tristes desse livro e vou guardar apenas as mais belas. Por que foi o meu melhor relacionamento. E no fim das contas, por mais que eu não entenda o fim, por mais que tenha doído o rompimento abrupto, fui feliz enquanto durou.

      E é isso.

      Não sei quem é você, mas te convido a me conhecer melhor e descobrir que tem muita luz dentro de mim. Muita alegria. Mas sou humano. E ainda sou artista. Tudo é muito.

      Beijos

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